Depois de 13 anos, o Partido dos Trabalhadores deixa a presidência do Brasil. Sai de uma forma melancólica. Envolvido em um projeto de corrupção que toma proporções imensuráveis, o partido sofre um impeachment e se afasta da presidência, apesar de todos os feitos positivos alcançados.
Durante esse tempo no poder, os brasileiros tiveram grandes avanços, é bem verdade. Como, por exemplo, maior acesso a faculdade, moradia e boas perspectivas de futuro. Tanto que, no auge do Governo Lula (que assumiu por dois mandatos consecutivos - 2003-2010), o Brasil esteve no centro do mundo e se aventurou em sediar os maiores eventos do planeta, para mostrar aos outros países que é capaz e tem condições para tanto.
Tanto no Governo Lula quanto no de Dilma Rousseff, tivemos momentos importantes relacionados ao esporte. Enquanto que esta foi a responsável pela administração do país na organização para a Copa do Mundo e Olimpíada, o primeiro, além de trazer os dois eventos, teve, durante sua gestão, a realização dos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.
Escolhido em 2002 como sede do Pan, o Brasil mirava o projeto de trazer a primeira Olimpíada da América do Sul. Quanto a Olimpíada, a confirmação só veio em 2009 para os Jogos de 2016 (antes, em 2012, o Brasil disputou a candidatura, mas perdeu para Londres). A expectativa inicial era que o Pan de 2007 trouxesse mudanças sociais e econômicas para a cidade, o que não se confirmou.
As arenas não foram aproveitadas por completo, o legado foi mínimo e os gastos iniciais previstos para Rio-2007 extrapolaram 800% do estimado inicialmente. Desalojamentos, estruturas corrompidas e arenas que tiveram de ser reconstruídas fizeram com quê o Rio começasse quase que do zero para os Jogos Olímpicos. Os governos (federal, estadual e municipal) gastaram à época cerca de R$ 3,7 bilhões no Pan.
Escolhido em 2002 como sede do Pan, o Brasil mirava o projeto de trazer a primeira Olimpíada da América do Sul. Quanto a Olimpíada, a confirmação só veio em 2009 para os Jogos de 2016 (antes, em 2012, o Brasil disputou a candidatura, mas perdeu para Londres). A expectativa inicial era que o Pan de 2007 trouxesse mudanças sociais e econômicas para a cidade, o que não se confirmou.
As arenas não foram aproveitadas por completo, o legado foi mínimo e os gastos iniciais previstos para Rio-2007 extrapolaram 800% do estimado inicialmente. Desalojamentos, estruturas corrompidas e arenas que tiveram de ser reconstruídas fizeram com quê o Rio começasse quase que do zero para os Jogos Olímpicos. Os governos (federal, estadual e municipal) gastaram à época cerca de R$ 3,7 bilhões no Pan.
Lula, presidente do país durante o Pan de 2007, foi vaiado em seu discurso na cerimônia de abertura. Vaias, aliás, estiveram presentes nas falas de Dilma, em 2013, na abertura da Copa das Confederações, e no discurso de Michel Temer, na da Olimpíada de 2016.
Mesmo que as competições não sejam de inteira responsabilidade do Governo Federal, os pontos negativos que ficaram nos períodos dos eventos sediados respingaram no Palácio do Planalto. Na verdade, vide o descontentamento com os governantes, qualquer notícia ruim envolvendo o país era "culpa do PT", o que, obviamente, era um equívoco atribuir e generalizar isso dessa forma.
Mesmo que as competições não sejam de inteira responsabilidade do Governo Federal, os pontos negativos que ficaram nos períodos dos eventos sediados respingaram no Palácio do Planalto. Na verdade, vide o descontentamento com os governantes, qualquer notícia ruim envolvendo o país era "culpa do PT", o que, obviamente, era um equívoco atribuir e generalizar isso dessa forma.
Para achar "culpados" e saber de quem cobrar, devemos nos atentar de todos os níveis de governo: municipal, estadual e federal.
Bem humorados, protestos criticavam os políticos em geral, porém o governo federal sentiu mais a pressão das ruas. Imagem: BBC Brasil/Mar.2015 |
Em junho de 2013, pouco antes de começar a Copa das Confederações da FIFA, milhares de brasileiros foram às ruas protestar contra a corrupção. As manifestações iniciaram-se devido ao aumento da passagem de ônibus em várias cidades do país. Em meio a isso, sob a bandeira de que não era "apenas por 20 centavos", a população questionava os gastos com a Copa do Mundo, e os seus "elefantes brancos" e obras superfaturadas, e com a Olimpíada.
Pelas muitas reivindicações e por uma bandeira complexa de ser compreendida, os protestos de 2013 - até então, a maior mobilização popular do país desde os caras-pintadas de 1992 - significaram pouco de efetivo para o país. Foi reduzida momentaneamente a passagem de ônibus e metrô em São Paulo, mas colaborou mais para a queda na imagem dos políticos do que propriamente mudanças no cenário nacional.
Apesar disso, tanto no governo paulista, com Geraldo Alckmin, quanto em âmbito federal, com Dilma Rousseff, houve reeleição nas eleições de 2014. Entretanto, na capital paulista (com Haddad) e na presidência da República, os nomes atingiram baixa popularidade depois da mobilização.
Dilma, que já havia tido no início do mandato índices de aprovação altíssimos, chegou a ser a pior avaliada desde Fernando Collor.
As jornadas de junho de 2013 (conhecida por algumas alcunhas, como Revolução do Vinagre e #VemPraRua), deram notabilidade a alguns movimentos de jovens, com visões e posicionamentos distintos, e outros tipos de protestos, como o #NãoVaiTerCopa e o #ForaDilma.
Surgiram outros tantos, sem contar os movimentos que já existiam. Dos que já existiam, ficaram em evidência neste cenário. Destacamos três. Idealizador dos protestos iniciais, o Movimento Passe-Livre, com direcionamento mais à esquerda; o Movimento Brasil Livre, surgido em 2014, com visão mais à direita e responsável pela maior mobilização popular da história (em 13 de março de 2015, superando o 'Diretas Já', nos anos 80); e os Black Blocs, com luta anarquista.
A Copa do Mundo aconteceu e, apesar da derrota vergonhosa da Seleção, foi bem vista pelos brasileiros e pelo resto do mundo. O pós-Copa, entretanto, foi doloroso para a nação. Em cidades que não haviam cultura de grandes clubes, os "elefantes brancos" sobrevivem com poucos ou nenhum evento importante. Estimativa de 2015 mostrou que o prejuízo havia chegado a R$ 10 milhões.
Muita politicagem marcaram os eventos. Que foram realizados e deixaram boa impressão dos brasileiros e do Brasil ao resto do mundo, mas estes momentos desencadearam a desilusão nacional com a política. O início da Operação Lava-Jato, o petrolão, o desemprego em alta e a economia em baixa, e as manifestações crescendo em todo o país culminaram na queda do governo. O legado da Copa ainda não é sentido por moradores de Itaquera, por exemplo, e o próprio Corinthians (dono do estádio) "aperta os cintos" para quitar os pagamentos do gigantesco estádio Padrão-FIFA.
Os ministros do esporte que estiveram organizando os eventos deram informações e declarações infelizes. Tentaram passar otimismo em relação aos eventos, mas 'pisaram na bola' com os resultados.
A ex-presidente tentou contato com jornalistas para conversar sobre melhorias no cenário esportivo brasileiro antes do Mundial de 2014, porém, depois da reunião, pouco se viu de efetivo e parece que o que foi conversado com os profissionais não passou de uma tentativa de recuperar sua imagem.
Dilma, no final das contas, é apenas uma "vítima" do que seu antecessor lhe meteu. Herdou um país em conflito e com uma corrupção arquitetada e hierarquizada há algum tempo, que se consolidou entre os poderes e empresas públicas.
É afastada do cargo por ser acusada de crime de responsabilidade fiscal e pela adição de decretos de crédito suplementares sem aval do Congresso, atos proibidos pela Constituição. O impeachment foi influenciado e impulsionado pelo momento difícil do país e pela crescente onda de protestos que aumentava a cada mobilização popular.
Mesmo assim, as perspectivas com o novo governo não são boas. A população segue indo às ruas, dessa vez, pedindo eleições diretas. De um jeito ou de outro, todos estão descontentes, sendo que este é o segundo afastamento de um presidente na era democrática brasileira. Cabe a reforma política e uma reestruturação do poder em todas as áreas do país, em especial na política e no esporte.
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