A maior festa do esporte mundial chega pela primeira vez à América do Sul. Há mais de cem anos, em 1896, o Barão Pierre de Coubertin deu início as disputas olímpicas da era moderna; de lá pra cá, fatos envolvendo política e outros fatores que extrapolaram as disputas esportivas marcam a história dos Jogos. Em 2016, isso acontecerá no Brasil. O Rio de Janeiro se prepara para receber as disputas da 28ª Olimpíada de Verão, em meio a protestos, casos de corrupção e o surto de um vírus que dá dor de cabeça nos organizadores. Tudo isso por irresponsabilidade, incompetência e a falta de bom senso dos governantes.
Assim como aconteceu na Copa do Mundo de Futebol de 2014, também no Brasil, a Olimpíada acontecerá, de um jeito ou de outro, dentro do esperado. Isso, dentro das quadras, campos e arenas esportivas, agora, fora deles, há o enigma: como o país estará no dia 5 de agosto (data que marca a festa de abertura de Rio 2016)?
Em Brasília, o processo de Impeachment está em andamento e a presidente Dilma se vê encurralada por oposicionistas e até mesmo por pessoas da base aliada. Protestos por todo o país pedem o fim da corrupção e a saída dos corruptos. Na mídia, as denúncias corriqueiras em meio a um dos mais impactantes casos de corrupção da história. Em mais de dois anos da Lava Jato, muitos nomes, de diversos partidos, estão envolvidos em toda essa vergonha para o país.
E quem observa de fora está espantado com tudo isso. O Governo se defende. Até mesmo a presidente fala à imprensa estrangeira e diz estar sendo vítima de um "golpe". Quem acompanha política sabe que não é beeeem assim… Problemas na economia, nomes importantes da base aliada envolvidos em corrupção (assim como também da oposição), desemprego, inflação em alta, problemas de segurança, saúde, transporte…, enfim. Sem contar a desigualdade e os nítidos contrastes em todas as cidades, principalmente na que receberá os Jogos Olímpicos. Tudo isso revolta populares que vão às ruas, em um processo extremamente democrático.
No futebol, os casos de corrupção mundial que afetam grandes "chefões" do esporte, abala as estruturas da CBF e de outras entidades. Até mesmo a Lava Jato respinga no esporte (por conta das empreiteiras envolvidas, que foram as mesmas que construíram e fizeram parte do processo pré-Copa).
E no Governo esses problemas também são evidentes. Os últimos ministros dos esportes foram muito questionáveis. George Hilton foi um deles. A saída dele, incrivelmente, se dá, não pela sua postura quase inexistente nas decisões para melhorar o esporte no país, mas sim por briga política.
Um outro problema é o Zika, que atinge vários países ao redor do mundo e chegou com força no país ao lado de baixo do Equador. Por aqui, a ânsia da população geral por respostas rápidas das autoridades deixam brasileiros e estrangeiros apreensivos por conta desse tormento. Medidas desastradas e a falta de controle para já combater um velho conhecido — que era a Dengue — mostraram toda a ineficiência dos responsáveis pela saúde pública no Brasil.
Até hoje, três grandes boicotes marcaram os Jogos Olímpicos. Sempre por questões políticas. Cogitou-se isso para esta edição por conta destes problemas. Provavelmente isso não acontecerá. Mas a possibilidade de isso acontecer já afeta toda a credibilidade do país.
E o momento atual com estes questionamentos e conflitos políticos entre países faz com quê relembremos o passado.
Na história, o primeiro grande boicote foi aos Jogos de 1976, em Montreal, no Canadá. A Tanzânia encabeçou a não ida de países a disputa e conseguiu apoio de 21 outros países africanos. O motivo foi o apartheid na África do Sul (um time de rúgbi da Nova Zelândia disputou uma partida em território sul-africano, e gerou esse boicote).
O segundo, em um dos pontos altos da Guerra Fria, o presidente americano, Jimmy Carter, liderou o movimento que não enviou atletas a Olimpíada de 1980, em Moscou. O boicote se deu por conta da invasão soviética ao Afeganistão, em dezembro de 1979.
Em resposta, o último grande boicote aos Jogos aconteceu em 1984 (Olimpíada seguinte), em Los Angeles, onde o governo soviético não permitiu que outros treze países participassem da disputa.
Ou seja, neste intervalo de três Olimpíadas, os motivos foram políticos. O principal deles tem influências até hoje. Em meio a ataques terroristas que o mundo enfrenta, a preocupação com os Jogos do Rio 2016 são grandes. Tudo bem que o Brasil não é alvo principal, mas em meio aos mais truculentos e desumanos ataques que há, não dá para deixar de lado essa preocupação.
Ataques à Bélgica, França e em outros lugares mostram que ninguém está a salvo. E as Olimpíadas contam com tristes fatos que mancharam a história do esporte. Em 1972, em Munique, a Alemanha queria mostrar os Jogos da Paz. Mas esta ficou marcada como a mais sangrenta das competições. O massacre de Munique foi provocado pelo grupo terrorista Setembro Negro, um grupo palestino que invadiu a Vila Olímpica e causou o terror que, pela primeira vez, foi transmitida ao vivo via satélite pelos sinais de TV. Atletas e comissão técnica de Israel foram mantidos reféns e alguns foram mortos. A desastrosa negociação dos policiais alemães é ainda muito criticada.
E isso contrasta com a visão dos Jogos Olímpicos. Na história, ainda nas disputas das cidades-estado em homenagem aos deuses, no caso Zeus, pai de Olimpo, havia uma "trégua sagrada", onde nenhuma arma poderia entrar na cidade, e o foco era as disputas esportivas e os eventos religiosos e filosóficos que marcavam o período. O espírito olímpico, porém, ficou de lado por longos anos, com a tomada de poder pelo Império Romano.
Lembrando que não é só no Brasil que existem (ou existiram) desconfiança para sediar grandes eventos. Na Copa do Mundo, a África do Sul, há seis anos, sofreu muitas críticas e hoje existem muitas suspeitas quanto a escolha deste como sede do Mundial de Futebol. Assim como na Rússia 2018, Catar 2022 e, recentemente, o próprio Brasil 2014.
Antes da organização da Copa de 2006, na Alemanha, a Europa vivia um momento extremamente tenso, como no atentado de 2004 na Espanha, o maior da sua história.
Em 2008, um grande terremoto abalou a China, que, a poucos meses sediaria a Olimpíada em Pequim, que viria a ser a mais cara da história.
Ou seja, instabilidade, descontentamento e incertezas não é exclusividade do Brasil. Pena… Seria uma oportunidade para fazermos direito.
De qualquer forma, é bom estarmos sempre de olho. E ver como o Brasil reage a tudo isso. Este é um pouco do cenário atual. Nossa esperança é que as coisas melhorem. Não só para a Olimpíada, mas para o país. Vai ter Olimpíada. Se terá presidente, aí é outra história. Se haverá um ministro competente comandado o esporte, é outra mais longa ainda. Que haverá superação do povo brasileiro, ah!, aí sempre tem.
Assim como aconteceu na Copa do Mundo de Futebol de 2014, também no Brasil, a Olimpíada acontecerá, de um jeito ou de outro, dentro do esperado. Isso, dentro das quadras, campos e arenas esportivas, agora, fora deles, há o enigma: como o país estará no dia 5 de agosto (data que marca a festa de abertura de Rio 2016)?
Em Brasília, o processo de Impeachment está em andamento e a presidente Dilma se vê encurralada por oposicionistas e até mesmo por pessoas da base aliada. Protestos por todo o país pedem o fim da corrupção e a saída dos corruptos. Na mídia, as denúncias corriqueiras em meio a um dos mais impactantes casos de corrupção da história. Em mais de dois anos da Lava Jato, muitos nomes, de diversos partidos, estão envolvidos em toda essa vergonha para o país.
- Em meio à crise política, quem se lembra das Olimpíadas de 2016? - EL PAÍS Brasil
Reuters |
E quem observa de fora está espantado com tudo isso. O Governo se defende. Até mesmo a presidente fala à imprensa estrangeira e diz estar sendo vítima de um "golpe". Quem acompanha política sabe que não é beeeem assim… Problemas na economia, nomes importantes da base aliada envolvidos em corrupção (assim como também da oposição), desemprego, inflação em alta, problemas de segurança, saúde, transporte…, enfim. Sem contar a desigualdade e os nítidos contrastes em todas as cidades, principalmente na que receberá os Jogos Olímpicos. Tudo isso revolta populares que vão às ruas, em um processo extremamente democrático.
- Impeachment não é golpe, diz ex-ministro do STF Carlos Ayres Britto - Folha de S. Paulo
Problemas também no Esporte
O Rio já sediou os Jogos Pan-americanos (em proporções menores do que uma Olimpíada) e outros eventos esportivos importantes, além de conferências que reuniram grandes líderes mundiais, como por exemplo, a Rio+20. Mas o momento atual é diferente. Em todas as esferas, há essa instabilidade. Além do pedido de afastamento da presidente, o esporte por aqui está em uma grande crise.
No futebol, os casos de corrupção mundial que afetam grandes "chefões" do esporte, abala as estruturas da CBF e de outras entidades. Até mesmo a Lava Jato respinga no esporte (por conta das empreiteiras envolvidas, que foram as mesmas que construíram e fizeram parte do processo pré-Copa).
E no Governo esses problemas também são evidentes. Os últimos ministros dos esportes foram muito questionáveis. George Hilton foi um deles. A saída dele, incrivelmente, se dá, não pela sua postura quase inexistente nas decisões para melhorar o esporte no país, mas sim por briga política.
- Dilma chuta o Esporte a escanteio - Blog do Juca (em dezembro de 2014)
- Novo ministro do Esporte foi expulso do PFL flagrado com dinheiro da IURD - Blog do Juca (em dezembro de 2014)
- PRB recua e George Hilton deixa Ministério do Esporte; PCdoB fica com a pasta - UOL Notícias (março de 2016)
- Após reportagem do UOL, jovem de 18 anos deixa o Ministério do Esporte - UOL Esportes (em maio de 2015)
Terrorismo e Zika Vírus
E há outras preocupações que os organizadores têm durante essa preparação. Internamente, as denúncias de corrupção, as histórias envolvendo as construções olímpicas e as incertezas da população são alguns dos pontos questionados. O Governo garante que dará segurança em todos os aspectos aos atletas, jornalistas e turistas que aqui estiverem. Serão cerca de meio milhão de estrangeiros no país devido aos Jogos (antes, durante e depois do evento).
Um outro problema é o Zika, que atinge vários países ao redor do mundo e chegou com força no país ao lado de baixo do Equador. Por aqui, a ânsia da população geral por respostas rápidas das autoridades deixam brasileiros e estrangeiros apreensivos por conta desse tormento. Medidas desastradas e a falta de controle para já combater um velho conhecido — que era a Dengue — mostraram toda a ineficiência dos responsáveis pela saúde pública no Brasil.
- Zyka vírus e Copa das Confederações - Blog do Juca
- A zika e a Rio-16 - Blog do Juca
Até hoje, três grandes boicotes marcaram os Jogos Olímpicos. Sempre por questões políticas. Cogitou-se isso para esta edição por conta destes problemas. Provavelmente isso não acontecerá. Mas a possibilidade de isso acontecer já afeta toda a credibilidade do país.
E o momento atual com estes questionamentos e conflitos políticos entre países faz com quê relembremos o passado.
Na história, o primeiro grande boicote foi aos Jogos de 1976, em Montreal, no Canadá. A Tanzânia encabeçou a não ida de países a disputa e conseguiu apoio de 21 outros países africanos. O motivo foi o apartheid na África do Sul (um time de rúgbi da Nova Zelândia disputou uma partida em território sul-africano, e gerou esse boicote).
O segundo, em um dos pontos altos da Guerra Fria, o presidente americano, Jimmy Carter, liderou o movimento que não enviou atletas a Olimpíada de 1980, em Moscou. O boicote se deu por conta da invasão soviética ao Afeganistão, em dezembro de 1979.
- ISIS ataca a Bélgica: entenda o surgimento do Estado Islâmico antes de entrar no debate - PapodeHomem
Em resposta, o último grande boicote aos Jogos aconteceu em 1984 (Olimpíada seguinte), em Los Angeles, onde o governo soviético não permitiu que outros treze países participassem da disputa.
CURIOSIDADE: A Olimpíada de 1996 (a do Centenário), disputada em Atlanta, foi a primeira a contar com todos os países filiados ao COI. Nenhum dos países afiliados deixou de enviar ao menos um representante para a Olimpíada. Atletas de 197 nacionalidades estiveram presentes. De lá pra cá, o número só cresce. Em 2016, serão 206 países, acompanhados por bilhões de pessoas em todo o mundo.
Ou seja, neste intervalo de três Olimpíadas, os motivos foram políticos. O principal deles tem influências até hoje. Em meio a ataques terroristas que o mundo enfrenta, a preocupação com os Jogos do Rio 2016 são grandes. Tudo bem que o Brasil não é alvo principal, mas em meio aos mais truculentos e desumanos ataques que há, não dá para deixar de lado essa preocupação.
Ataques à Bélgica, França e em outros lugares mostram que ninguém está a salvo. E as Olimpíadas contam com tristes fatos que mancharam a história do esporte. Em 1972, em Munique, a Alemanha queria mostrar os Jogos da Paz. Mas esta ficou marcada como a mais sangrenta das competições. O massacre de Munique foi provocado pelo grupo terrorista Setembro Negro, um grupo palestino que invadiu a Vila Olímpica e causou o terror que, pela primeira vez, foi transmitida ao vivo via satélite pelos sinais de TV. Atletas e comissão técnica de Israel foram mantidos reféns e alguns foram mortos. A desastrosa negociação dos policiais alemães é ainda muito criticada.
- Forças de segurança recebem treinamento antiterrorismo para Jogos Rio 2016 - Ministério da Justiça
E isso contrasta com a visão dos Jogos Olímpicos. Na história, ainda nas disputas das cidades-estado em homenagem aos deuses, no caso Zeus, pai de Olimpo, havia uma "trégua sagrada", onde nenhuma arma poderia entrar na cidade, e o foco era as disputas esportivas e os eventos religiosos e filosóficos que marcavam o período. O espírito olímpico, porém, ficou de lado por longos anos, com a tomada de poder pelo Império Romano.
Política e Poluição
2016 será a 28ª disputa olímpica da era moderna. O cronograma de obras está, até certo ponto, dentro do prazo. O problema mesmo é fora dele. Além dos problemas políticos à nível nacional, dentro do Rio também o clima não está muito bem. O nome do prefeito está envolvido na Lava Jato. As instalações olímpicas e a forma como tudo isso acontece está sendo bastante questionado.
- Água da Baía de Guanabara vira polêmica em rede social nos EUA - G1 (janeiro/2016)
- A sete meses do Rio 2016, Velódromo está entre as obras que preocupam - Globoesporte.com (janeiro/2016)
- Infográfico: Instalações olímpicas para 2016 - Globoesporte.com
Lembrando que não é só no Brasil que existem (ou existiram) desconfiança para sediar grandes eventos. Na Copa do Mundo, a África do Sul, há seis anos, sofreu muitas críticas e hoje existem muitas suspeitas quanto a escolha deste como sede do Mundial de Futebol. Assim como na Rússia 2018, Catar 2022 e, recentemente, o próprio Brasil 2014.
Antes da organização da Copa de 2006, na Alemanha, a Europa vivia um momento extremamente tenso, como no atentado de 2004 na Espanha, o maior da sua história.
Em 2008, um grande terremoto abalou a China, que, a poucos meses sediaria a Olimpíada em Pequim, que viria a ser a mais cara da história.
Ou seja, instabilidade, descontentamento e incertezas não é exclusividade do Brasil. Pena… Seria uma oportunidade para fazermos direito.
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