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O Legado da Copa: As declarações pífias do ministro

Já faz mais de um ano que a Copa do Mundo 2014 acabou. O vigésimo torneio entre seleções de futebol organizado pela FIFA foi inesquecível. A melhor Copa em todos os aspectos futebolístico. E, por ser no Brasil, a zueira foi algo jamais visto. Foi bem legal mesmo. Mas algumas coisas ficarão marcadas negativamente para sempre com a gente. E não é só o já institucionalizado e reconhecido quando citado 7 a 1. A politicagem e os problemas da organização já geram consequências a todos por aqui.

A final foi disputada no Maracanã em 13 de julho de 2014 e deu, na prorrogação, o tetracampeonato mundial para Alemanha. De lá para cá, o mundo do futebol viveu momentos jamais visto, vide a grande operação da polícia norte-americana para investigar a corrupção no futebol e prender, felizmente, os envolvidos.



Daí, você volta no tempo e relembra o pré-Copa. A certeza absoluta por parte dos organizadores de que haveria a melhor organização, que o dinheiro investido nos faraônicos estádios seria vindos das empresas privadas e que não merecíamos chute no traseiro.

Aldo Rebelo (PCdoB-SP) era o ministro dos esportes durante esse período. É dele uma das declarações mais infelizes que lembro ter ouvido. Não é difícil encontrar mais de uma fala que seja pífia e vexatória do político que já assumiu tantos ministérios no atual governo.

Aldo Rebelo assume quarto ministério nos governos Lula e Dilma — G1

Recentemente aconteceu um negócio ruim aqui com alguém da minha família. Além disso, um conhecido foi assaltado. E lembrei de imediato de uma declaração de Aldo Rebelo. Em 2013, o político disse que a única vez que foi roubado foi em Paris (França), dando a entender que a preocupação com a segurança por aqui é menor comparado a outras lugares do mundo, que vivem em constante ameaça terrorista.

    O que eu posso dizer é o seguinte: eu ando há 40 anos de avião no Brasil. Desde a época de estudante eu visito os aeroportos do Brasil. A única vez que eu fui roubado em um aeroporto foi no aeroporto de Paris. A única vez que vi alguém sendo roubado em uma aeroporto foi no aeroporto de Paris.

    Aqui, personalidades brasileiras, como uma ex-atriz, Ruth Escobar, viveu aqui no Brasil o tempo inteiro… ela foi esfaqueada na porta do hotel em Paris.O presidente da autoridade pública olímpica brasileira foi assaltado na porta do hotel em Londres.

    E os casos de violência geralmente só são previsíveis para acontecer no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Salvador… Há quinze dias eu estive em Paris. Você entra em uma estação de trem e um amigo deixou uma bolsa e foi tomar um café. Eu digo “recolha sua bolsa. Porque, no Brasil, uma bolsa abandonada alguém pega e leva no Achados e Perdidos. Aqui, pode ser motivo de pânico entre as pessoas”.

    Você vê a fisionomia dos guardas, dentro das estações de Londres, de Paris e de outras cidades europeias, todos eles tensos na expectativa de que alguma coisa grave possa acontecer. Aqui nós temos casos de violência nas nossas cidades, a violência de origem social, o crime comum, o assalto, e é uma coisa deplorável que nós buscamos combater.

— Aldo Rebelo, até então ministro do esporte, em 04 de dezembro de 2013 ao falar sobre as preocupações do Brasil e do governo federal no combate à violência.

ESPN.com.br — VÍDEO: Aldo Rebelo cita perigo de Paris e outras cidades para dizer que violência não é exclusividade do Brasil

E foram outras declarações impertinentes. A outra que destaco é ao falar dos atrasos nas obras da Copa, comparando com a noiva que não chega no horário no seu casamento.

No Brasil temos um instituição muito tradicional, que é o casamento. Nunca fui a um casamento em que a noiva chegasse na hora, mas nunca vi um casamento deixar de acontecer por causa disso.


E por que falo disso? Essa semana alguém compartilhou um vídeo em minha timeline do Twitter que vale a pena ser visto e revisto muitas e muitas vezes: a participação de Aldo Rebelo no Roda Viva da TV Cultura e o confronto com o excelente comentarista dos canais ESPN no Brasil, Mauro Cezar Pereira.

O vídeo destacado mostra um trecho da participação. Todas as falas, hoje, mostram que quem criticava os organizados e a organização em si estavam certos. Os elefantes brancos se multiplicam e tornam o vexame estrutural evidente. Em época de crise, voltamos nosso olhar para um passado não tão distante e nos questionamos do quanto valeu a pena todo o dinheiro gasto.


A participação no Roda Viva: Rebelo vs. Mauro Cezar


O comentarista e o ministro tiveram dois encontros quentes em 2013. Um na TV Cultura (em abril) e outro no Bola da Vez, na ESPN Brasil (em agosto). A questão aqui nem é a conduta de Rebelo, mas sim os falhos discursos de todos os políticos na época.

Nos dois embates, o tema dos critérios para escolher as sedes foi posto em discussão. Hoje, o estádio de Amazonas nem de longe alcança os 15 mil torcedores recebendo os times locais. A Arena tem capacidade para mais de quarenta mil pessoas. O ministro dizia que o estádio em Manaus transformaria o futebol local. É, nem tanto...


A seguir, assista a um trecho do Roda Viva em abril de 2013. Peço que você faça uma reflexão com o quê está acontecendo hoje:



Vídeos na íntegra do programa.


E este é o legado da copa: a oportunidade de guardarmos para sempre essas declarações. Viva a internet!



Publicado originalmente em novembro de 2015, no perfil @AlanSousa no Medium.

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